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IDR-Paraná tem ações voltadas ao fortalecimento das mulheres no meio rural
Apesar da participação significativa no meio rural, a identidade e o trabalho feminino ainda não são totalmente reconhecidos pela sociedade
10/03/2025 | Assessoria de Comunicação - IDR-Paraná
Foto - Reprodução IDR-Paraná
De acordo com dados do último Censo Agropecuário, cerca de 13,4 propriedades rurais do Paraná eram comandadas por mulheres em 2017. Naquele ano, 40.646 mulheres estavam à frente dos empreendimentos rurais no estado. Apesar da participação significativa no meio rural, a identidade e o trabalho feminino ainda não são totalmente reconhecidos pela sociedade. Observa-se que as mulheres, em relação aos homens, ainda enfrentam diferença de oportunidade no acesso à terra, ao crédito, à tecnologia, à produção e à comercialização, e à assistência técnica.
Os órgãos oficiais de assistência técnica e extensão rural têm dedicado esforços para reduzir essa desigualdade e oferecer às mulheres orientações nas diferentes cadeias produtivas, visando profissionalizar esse público na gestão da propriedade e na atividade produtiva. Essas ações incluem desde orientações a respeito do manejo dos solos, tecnologias de produção, até o acesso a mercados. As mulheres, por sua vez, têm reivindicado assistência técnica, acesso à terra, à água e ao crédito, para garantir sua inclusão nas políticas agrícolas, bem como para melhorar as condições de vida no espaço rural.
O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) tem desenvolvido diversas ações com o objetivo de promover a capacitação e valorização da mulher rural paranaense, incentivando o seu desenvolvimento pessoal e coletivo, por meio do fortalecimento e aperfeiçoamento das suas iniciativas e habilidades de produção, bem como as atividades geradoras de renda que dinamizam a economia feminina rural.
De acordo com Richard Golba, diretor-presidente do IDR-Paraná, o Instituto atua para fortalecer o trabalho feminino na agricultura. “A mulher tem uma força para o agro que ela mesmo desconhece. Muitas vezes atua como coadjuvante do marido, mas é nosso objetivo, através de ações e projetos voltados ao público feminino, trazer a mulher para o papel de protagonista. Valorizar a contribuição dela para o desenvolvimento da agricultura paranaense”, afirma. “Em quase todas as propriedades vemos que as mulheres têm atuação direta no trabalho e nas tomadas de decisão. O trabalho dela faz uma grande diferença para o avanço da família. É necessário que a sociedade e ela mesma enxergue e valorize isso”, concluiu Richard.
O crédito rural tem sido uma ferramenta importante para financiar o trabalho das muheres, seja para cobrir despesas de custeio de cada ciclo produtivo, seja para a realização de investimentos em bens e serviços na propriedade rural. No ano passado, 1.569 mulheres assistidas pelo IDR-Paraná acessaram diferentes linhas do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Um total de R$ 99.132.242 foi aplicado na viabilização de empreendimentos rurais. Desta forma, o Instituto fortaleceu as mulheres, promovendo seu desenvolvimento econômico e social, assim como, contribuiu para a igualdade de gênero no meio rural.
Inclusão- Miriam Fuckner, da área de Promoção Social e Cidadania do IDR-Paraná, ressaltou que a preocupação em incluir as mulheres nos trabalhos do Instituto é constante. Ela ressaltou que por meio do Programa Estadual de Promoção Social e Cidadania, o IDR-Paraná mantém um conjunto de diretrizes técnicas e estratégias para orientar a elaboração de Planos Regionais, visando ampliar e qualificar o serviço de assistência técnica e extensão rural dirigido às famílias rurais em vulnerabilidade e suas organizações, incluindo as mulheres. Segundo Miriam, a intenção deste programa é promover a inclusão socioprodutiva da agricultura familiar, a segurança alimentar e nutricional, melhorar a qualidade de vida, incentivar a produção sustentável, a competitividade e a geração de renda no meio rural. Isso se dá com a transferência de renda para a produção de autoconsumo, à implantação de atividades produtivas geradoras de renda, ações de abastecimento de água e saneamento rural.
O programa Nossa Gente Paraná– Renda Agricultor Familiar, executado em parceria com a Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho (SEDEF) e a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB) atende famílias cadastradas no CAD Único. Iniciado em 2015, o programa incluiu, até fevereiro de 2023, 8.208 famílias, 86% delas lideradas por mulheres. As beneficiárias receberam assistência técnica e extensão rural para que pudessem implementar atividades produtivas, a produção de alimentos para o autoconsumo, bem como a construção de sistemas de abastecimento de água e saneamento básico.
Outra modalidade do programa é o Inclusão Produtiva Solidária que investe em projetos produtivos coletivos, elaborados em conjunto com uma equipe técnica e um grupo formado nas comunidades. São repassados recursos financeiros para o desenvolvimento de um projeto de geração de renda em atividades agropecuárias ou não agropecuárias. Até fevereiro de 2023, o programa beneficiou 218 famílias, das quais 92% tinham mulheres como responsáveis.
Fomento- Outra frente de trabalho que beneficia as mulheres é o programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, executado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB). O objetivo é prestar assistência técnica e extensão rural especializada às famílias em extrema vulnerabilidade e transferir recursos, não reembolsáveis, diretamente às famílias beneficiárias. O valor é aplicado em atividades de produção de alimentos para o autoconsumo e geração de renda. Desde 2017, quando foi implantado, o projeto já financiou 1.954 projetos, dos quais 81% são liderados por mulheres.
Desde 2022 o IDR-Paraná executa o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na modalidade Doação Simultânea. Resultado de uma parceria com a SEAB e o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o PAA já firmou contratos com 430 mulheres que forneceram alimentos para 313 instituições beneficentes. “Este programa é uma alternativa de mercado. Ele cria a oportunidade para agricultores que produzem em pequena escala. Além do mais, faz girar a economia local, tendo em vista o montante de recursos liberados diretamente aos agricultores. É um programa que impulsionou a participação das mulheres agricultoras, pois elas desempenham papel determinante no enfrentamento à fome e à desnutrição de suas famílias e comunidades”, afirmou Miriam. Ela acrescentou que as pesquisas demonstram que as mulheres são responsáveis pela guarda dos saberes a respeito de alimentação e bem-estar familiar e são elas que repassam esse conhecimento aos filhos. “Além disso, elas cumprem um importante papel como guardiãs de sementes e da biodiversidade”, ressalta Miriam.
Capacitação- Os extensionistas do IDR-Paraná desenvolvem ações para promover o desenvolvimento da autoestima, da autonomia, da qualificação e habilidades das mulheres em empreendimentos coletivos, despertando seu potencial de liderança, sua capacidade de gerar renda e a participação ativa nos processos decisórios que ocorrem na família e nas organizações. Desta forma, as mulheres são incluídas nos conselhos municipais para contribuírem com a elaboração de planos, projetos e políticas públicas. “Também buscamos incluir as mulheres nas organizações da agricultura familiar, assessorando-as para a gestão organizacional e em processos coletivos de produção e comercialização”, acrescentou Miriam. Em 2024, as ações relacionadas ao associativismo, cooperativismo e sindicalismo rural promovidas pelo IDR-Paraná, envolveram 350 mulheres no estado.
Proteger o meio ambiente e dar sustentabilidade aos empreendimentos rurais, tem sido tônica do trabalho do IDR-Paraná. Desta forma, os extensionistas divulgam as políticas de proteção ambiental e a legislação vigente ligada diretamente a exploração da agricultura entre as mulheres que estão à frente das propriedades rurais. Esta ação inclui a implantação de sistemas de captação e armazenamento de água e de tratamento de dejetos no meio rural. Além disso, o Instituto promove processos de educação ambiental, com o objetivo de desenvolver conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação cidadã na construção de sociedades sustentáveis. Consumo, recursos naturais, crise ambiental, efeito estufa, produção de lixo, coleta seletiva, reciclagem estão entre os temas discutidos com as produtoras. Há um esforço contínuo para capacitar as mulheres na adoção de boas práticas de produção, fabricação e manipulação de alimentos. No ano passado, 97 mulheres rurais foram atendidas individualmente, ou em grupos, nessas atividades.