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Contribuição à pesquisa cafeeira rende homenagem ao IDR-Paraná
Reconhecimento destaca papel do antigo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) na criação e consolidação do Consórcio Pesquisa Café
03/10/2025 | Assessoria de comunicação - IDR/Paraná
Reprodução - IDR/Paraná
O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater) recebeu nesta quarta-feira (1º), em Brasília (DF), uma homenagem por seu papel na criação e consolidação do Consórcio Pesquisa Café. A cerimônia, promovida pela Embrapa Café, celebrou os 26 anos da unidade e os 28 do modelo colaborativo — reúne instituições públicas, universidades e o setor produtivo — responsável por transformar a pesquisa e impulsionar a modernização da cafeicultura brasileira.
“Ainda como Iapar, o IDR-Paraná esteve entre os fundadores do Consórcio, articulação nacional que fortaleceu a pesquisa regional, deu escala às soluções tecnológicas e permitiu que o café brasileiro se destacasse ainda mais no mundo pela qualidade e produtividade”, afirmou o pesquisador Gustavo Sera, representante da instituição no evento.
PESQUISA— A pesquisa cafeeira no Brasil começou muito antes da criação do consórcio. Em 1887, Dom Pedro II criou o que viria a se tornar o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), marco inicial de uma trajetória científica que acompanhou a expansão da cafeicultura no país. Em 1931 surgiu o Conselho Nacional do Café, substituído em 1946 pelo Departamento Nacional do Café. Poucos anos depois, em 1952, foi criado o IBC (Instituto Brasileiro do Café), responsável por definir políticas para o setor e gestor do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) — principal mecanismo de crédito e fomento à atividade cafeeira.
Nos anos 1970, a pesquisa agropecuária ganhou fôlego com a criação de institutos estaduais — entre eles o Iapar — que, em parceria com o IAC, o IBC e diversas universidades, avançaram nos estudos dos problemas ligados à produção cafeeira. Naquele período, a ferrugem-do-cafeeiro provocou uma crise e exigiu respostas científicas urgentes. Embora soluções tenham sido encontradas, a pesquisa perdeu força e o cenário se agravou com a extinção do IBC em 1990, que deixou o setor sem apoio institucional. A reorganização veio seis anos depois, quando o governo federal criou o CDPC (Conselho Deliberativo da Política do Café), vinculado ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), para restabelecer diretrizes estratégicas.
Em março de 1997, nasceu o Consórcio Pesquisa Café (Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café), com dez instituições fundadoras — Embrapa; EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola); Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais); IAC (Instituto Agronômico de Campinas); Iapar — hoje IDR-Paraná —; Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural); Pesagro-Rio (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro ); Ufla (Universidade Federal de Lavras); UFV (Universidade Federal de Viçosa) e o próprio Mapa —, arranjo que substituiu ações isoladas por uma rede coordenada de intercâmbio científico e tecnológico, tornando-se referência mundial em pesquisa cafeeira.
A Embrapa Café foi criada em 1999, responsável por coordenar o PNP&D/Café (Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café), executado no âmbito do consórcio. Sediada em Brasília, a unidade se tornou elo entre dezenas de instituições, articulando projetos, financiamentos — como os recursos do Funcafé — e políticas públicas voltadas à inovação no campo.
Essa atuação integrada gerou ganhos expressivos em produtividade, qualidade e sustentabilidade. Tecnologias de manejo, irrigação, pós-colheita e adaptação às mudanças climáticas, além de novas cultivares mais produtivas e resistentes, transformaram a cafeicultura brasileira. O fortalecimento dos cafés especiais e a consolidação do Brasil como líder mundial em produção e exportação são resultados diretos desse esforço conjunto.
PARANÁ— Entre as inovações geradas com apoio do consórcio, o pesquisador Gustavo Sera destaca o desenvolvimento de cultivares modernas, superiores às tradicionais em produtividade, resistência a pragas e doenças e adaptação a adversidades climáticas, como calor e seca.
“As cultivares IPR 98, IPR 99, IPR 102, IPR 105 e IPR Pérola, por exemplo, são altamente produtivas e têm resistência completa à ferrugem, ainda a principal doença do café”, explica Sera. “Já a IPR 100 combina alta produtividade, tolerância à seca e é o primeiro arábica no mundo resistente simultaneamente aos nematoides Meloidogyne paranaensis, M. incognita e M. exígua”, completa.
Segundo ele, essas características reduzem o uso de agroquímicos, beneficiam o meio ambiente e permitem entregar ao consumidor bebidas de alta qualidade, aumentando a rentabilidade do produtor.
Vania Moda Cirino, diretora de pesquisa e inovação do IDR-Paraná celebra a trajetória institucional. “É motivo de orgulho ter contribuído desde a fundação para um sistema que integra saberes e promove soluções compartilhadas para toda a cadeia do café”, concluiu.