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Epagri: Apicultura migratória: o serviço das abelhas que turbina a produção de maçã


Aqui no Brasil, o trabalho das abelhas responde por um valor econômico de R$43 bilhões na produção de alimentos


20/05/2025 | Assessoria de Comunicação - Epagri - Por Cinthia Andruchak Freitas


Foto - Reprodução Epagri


A maior missão das abelhas não é produzir mel: é com a polinização de 73% das espécies agrícolas cultivadas no mundo que esses insetos alimentam a humanidade. Aqui no Brasil, o trabalho das abelhas responde por um valor econômico de R$43 bilhões na produção de alimentos. Um exemplo está na produção da maçã, uma cultura altamente dependente da polinização. Santa Catarina, que é o maior produtor brasileiro da fruta, colheu 628 mil toneladas em 2023, somando R$1 bilhão – desse total, R$988 milhões podem ser atribuídos à participação das abelhas.


A importância desse serviço faz crescer em Santa Catarina a presença de colmeias nos pomares. Alguns fruticultores investem em apiários e os instalam nas proximidades dos plantios, enquanto outros alugam as colmeias durante o período de floração. Essa modalidade, chamada de apicultura migratória, gera renda extra para os apicultores, que levam suas colmeias até os pomares e recebem um valor médio de R$125 por unidade.


Das 358 mil colmeias em produção em Santa Catarina, a Epagri estima que 51,9 mil sejam utilizadas para polinização de macieiras no Estado. Esse serviço movimenta cerca de R$6,4 milhões por ano e beneficia as duas cadeias produtivas. “Os apicultores do Litoral Sul, por exemplo, têm o costume de levar suas colmeias serra acima para prestar esse serviço, aproveitando para gerar renda extra numa época em que a floração do litoral não está propícia para a produção de mel. Em anos excessivamente secos ou chuvosos, quando a safra de mel não vai bem, o aluguel das colmeias também ajuda a compensar as perdas”, exemplifica Rodrigo Durieux da Cunha, coordenador de apicultura na Epagri.


Qualidade da maçã


Para ter maçã, é preciso ter polinização. André Sezerino, pesquisador da Epagri na Estação Experimental de Caçador, explica que a polinização está diretamente ligada à qualidade e à simetria dos frutos. “Maçãs bem polinizadas têm de oito a dez sementes – consequentemente, são mais simétricas, redondas, e alcançam categorias mais altas de classificação”, resume.


Para os fruticultores, os ganhos financeiros compensam o investimento na contratação do serviço de aluguel de colônias para a polinização. Muitos relatam melhora na produtividade e também na capacidade de conservação dos frutos. “Um benefício adicional dessa prática é que o produtor de maçã passa a usar menos agrotóxicos na lavoura, ou começa a usar esses insumos de forma correta, para não afetar os insetos polinizadores”, diz Rodrigo.


Maçãs bem polinizadas (E) são mais redondas e simétricas. Frutas mal polinizadas (D) têm menos sementes e são assimétricas


Atividades que somam


Renan Lima Pereira é um fruticultor de São Joaquim que entrou na apicultura em 2019 motivado pelos benefícios da polinização para a produção de maçã. Por muitos anos, ele conduziu o pomar de 4 hectares sem fazer um manejo específico para a polinização. “A gente não tinha preocupação nem conhecimento sobre isso. Por ter abelhas na mata, achávamos que era suficiente para polinizar. Tínhamos oito colmeias no total, mas não fazíamos nenhum manejo. Então descobrimos que era importante ter uma quantidade específica de colmeias por hectare e começamos a fazer da forma orientada pela Epagri”, conta.


Renan usa de 8 a 10 colmeias por hectare e segue todas as orientações técnicas para a polinização da macieira. “Percebemos que as maçãs ficam mais simétricas e a produtividade aumenta de 20 a 25% quando a polinização é bem feita. Outra vantagem é que as frutas duram mais nas câmaras de armazenagem, pois têm menos problemas com podridões”, destaca.


Hoje, além de produzir maçã, Renan e o irmão Breno são proprietários do Apiário Flor de Altitude, com 450 colmeias e produção média de 8 toneladas de mel por ano. Mas a renda não vem apenas desse produto: eles transformaram a polinização em um negócio e alugam entre 250 e 300 colmeias por ano para agricultores da região.


Além de produzir mel e maçã, Renan aluga colmeias para polinização



Antes de instalar as colmeias, Renan faz um mapeamento aéreo da área e um planejamento de distribuição das colmeias, já que as abelhas têm atuação melhor num raio de 300 metros. O aluguel varia entre R$150 e R$175 por colmeia e elas ficam durante um mês no pomar. O faturamento dos sócios com o serviço de polinização fica em torno de R$47 mil por ano.


“Recebemos muito apoio e orientação técnica dos extensionistas da Epagri, tanto na apicultura quanto na produção de maçã. A gente vê na prática que as pesquisas são fundamentais, e ainda temos o acompanhamento dos técnicos em campo e o apoio das políticas públicas”, destaca Renan.


Apoio técnico e financeiro


Para difundir a importância e os benefícios da polinização, a Epagri trabalha com famílias envolvidas nas duas cadeias produtivas. Com os apicultores, realiza capacitações, presta assistência técnica e realiza atendimentos nas propriedades. Com os fruticultores, busca conscientizá-los da importância da polinização e orienta o processo em todas as questões técnicas. Em 2024, nas regiões de Lages, São Joaquim e Videira, que são produtoras de maçã, a Epagri realizou 2.073 atendimentos de famílias sobre abelhas Apis mellifera.


A Epagri trabalha para conscientizar os fruticultores da importância da polinização (Foto. André Sezerino)


Em 2023, Santa Catarina passou a contar com a primeira política pública para incentivar a polinização migratória. O programa Poliniza SC, da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, oferece recursos para os fruticultores investirem em polinização. As famílias recebem R$10 mil para alugar as colmeias com cinco anos para pagar, sem juros. Em cada município, a Epagri elabora os projetos de crédito para que as famílias rurais tenham acesso a esse e outros benefícios.


Pesquisas para avançar


As recomendações das melhores práticas nos pomares de maçã e nos apiários vêm do resultado das pesquisas. O pesquisador André Sezerino explica que o manejo da polinização deve ser pensado antes mesmo da implantação do pomar. “Ele envolve desde a escolha das variedades, o preparo da área de plantio, o arranjo das plantas e os tratos culturais, até chegar à época da floração e do manejo das abelhas”, enumera.


Uma das razões desses cuidados é a necessidade da polinização cruzada, que é a transferência dos grãos de pólen de uma variedade para a outra. No caso da maçã, é a “troca” de pólen entre os cultivares Fuji e Gala, por exemplo. “Quando se planta o pomar, é preciso pensar no arranjo das plantas para que macieiras de variedades diferentes fiquem sempre próximas”, explica.


O manejo da polinização deve ser planejado antes da implantação do pomar (Foto: André Sezerino)


A recomendação das pesquisas é de, pelo menos, seis colmeias de abelhas com ferrão por hectare. O uso de abelhas nativas ajuda a complementar a polinização, especialmente porque essas espécies têm mais facilidade de voar sob as telas antigranizo usadas para proteger os pomares. “Usando 10 a 12 colmeias de abelhas nativas por hectare, consegue-se aumento de rendimento de até 5 toneladas de maçã por hectare em comparação a outras áreas, sem telas antigranizo e sem abelhas sem ferrão”, aponta o pesquisador.


Serviço ambiental


Manejando o pomar e as colmeias de forma correta, além de gerar mais renda na propriedade, o produtor presta um serviço ao meio ambiente. Mais abelhas significam mais polinização nos pomares e também nas matas, já que esses insetos buscam diferentes fontes de alimento energético, proteico e resinas para a composição alimentar dos enxames. Com a parceria dos agricultores, as abelhas ganham um impulso em sua missão mais importante.


Conheça outros casos de sucesso no Balanço Social da Epagri.


Por Cinthia Andruchak Freitas – Jornalista Epagri



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