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Com Emater-PA, juventude rural de ilhas de Belém deixa de ser invisível para políticas públicas


A principal ferramenta é o cadastro nacional da agricultura familiar (CAF)


03/07/2025 | Assessoria de Comunicação - Emater/PA


Foto - Reprodução Emater-PA


Daqui a prováveis quatro meses, o bebê primogênito do casal Carla Cristina Farias, de 30 anos, e Ronivaldo dos Anjos, de 23 anos, em união estável há três anos, será mais um morador do assentamento federal Ilha Grande, pertencente ao território sul de Belém, capital do Pará. “Ainda não descobrimos o sexo e nem cogitamos nomes. O que sabemos é que nascerá e crescerá rodeado de natureza”, suspira a mãe. 


O terreno de dois hectares com açaí nativo e plantio de cacau agora de posse da família em formação vem desmembrado da casa dos pais de Ronivaldo: o Lote da Cris e do Polaca, no rio Bijogó, a partir do Furo da Paciência, no fluir da Baía do Guajará. 


A inclusão dos jovens adultos como beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) ante o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está sendo possível devido ao trabalho presencial e diário do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) de Belém: desde o começo do ano, especialistas intensificam uma espécie de recenseamento das novas gerações de ribeirinhos belenenses. 


A principal ferramenta é o cadastro nacional da agricultura familiar (CAF). Com o caf emitido pela Emater, os assentados tornam-se habilitados ao acesso a quaisquer políticas públicas do segmento da agricultura familiar, como aposentadoria rural, auxílio-maternidade rural, crédito rural e fornecimento de produtos para a merenda escolar.


Sucessão 


Sob atuais termos de uso expedidos pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU), os pioneiros da Ilha Grande firmaram-se ali há cerca de 40 anos. Neste momento, os netos desses primeiros ocupantes estão casando, tendo filhos e assumindo um núcleo cada: na prática, surgem unidades de produção familiar (upfs) de outra titularidade. Só em junho, mais de 30 famílias foram assim reconhecidas, em sistema de mutirão, com o apoio da Associação de Moradores e Produtores Agroextrativistas da Ilha Grande (Ampaig).



“Era como se fosse uma geração de ‘esquecidos’. A juventude ribeirinha dos assentamentos federais de Belém se encontrava em um limbo de invisibilidade em termos de políticas públicas: constituíram novas famílias, até então despercebidas pelo Estado. A Emater é o braço do Governo do Pará que primeiro enxerga essas famílias e informa a existência no contexto da oficialidade. É uma porta sendo aberta para direitos e garantias, na dinâmica da sucessão familiar rural”, aponta o engenheiro agrônomo da Emater Lucival Solin.


Para o presidente da Ampaig, Marcos Cardoso, de 45 anos, mais conhecido como “Marquinho”, a Emater representa uma “grande ajuda” em um cenário de desafios: “A juventude da Ilha Grande vem com o papel de protagonismo, e o carroc-chefe cultural e socioconômico é o açaí. O açaí em si é um negócio muito rentável, mas lidamos com uma cadeia produtiva que ainda carece de muito apoio, no sentido de tecnologia, crédito rural, comercialização. Nós vemos a Emater como um meio-de-campo, uma colaboração imprescindível”, manifesta.


A Associação representa mais de 200 ribeirinhos, com imóveis de quatro hectares, em média. A produção anual estimada de açaí de várzea na Comunidade, via extrativismo, é de mais de 80 toneladas.



Agora o que é destinado para o consumo cotidiano das famílias, os caroços são vendidos in natura nos portos de Belém, com faturamento bruto anual de quase meio milhão de reais. 


Histórias


A atuação da Emater nas ilhas de Belém remonta a 2010. De acordo com relatórios institucionais, os sistemas produtivos nas áreas de proteção ambiental (apas) são manejos típicos com inovação agroecológica, sem dependência de conhecimento externo ou de alto nível de insumos.


O engenheiro florestal da Emater Luís Heleno Castro entende que os resultados da Emater visam a “soluções sustentáveis”: “A herança aí, de avô pra pai, de pai pra filho, não é só patrimonial: o legado é de um ecossistema rico e abençoado do estuário amazônico: águas, floresta, fauna. A Emater não só abraça essas histórias: a Emater faz parte delas”, declara.


A história do casal Edilza Rosário, de 51 anos, e Ocimar, de 54 anos, ambos de sobrenome Da Conceição, entrelaça-se com os serviços da Emater: no último 27 de junho, um dos filhos, Ocinaldo, de 30 anos, foi registrado pela equipe extensionista como à frente da sua própria família e com posse exclusiva em terra doada pelos pais. 


“Eu me sinto feliz, porque a independência deles é a continuidade da gente, do nosso trabalho, da nossa população”, considera Edilza. 


Adelson Reis, de 36 anos, conta do orgulho de labutar de domingo a domingo com o açaí de sua ancestralidade: “É a tradição, uma coisa de raiz, que pra mim é esplendoroso colocar em prática, fazer valer”, relata. 


Já Raimundo Nonato Trindade, de 57 anos, destaca a Emater como “o governo que tem presença aqui e que funciona”, em palavras resumidas. Trindade é prole de uma das lideranças femininas mais importantes do Assentamento: Maria Machado, de 85 anos, hoje aposentada da roça. 


“Mamãe e minha tia, Maria José, batalharam demais pela nossa coletividade - e sempre receberam a força da Emater. Muitas conquistas se devem à postura e à voz das mulheres da Ilha Grande”, reflete. 




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