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Incaper atesta eficiência do 'paper pot' para mudas de café conilon e recomenda dimensões adequadas
Além de ser uma alternativa sustentável aos tradicionais tubetes e sacolas plásticas, tem se mostrado mais eficiente para o desenvolvimento das mudas
03/07/2025 | Assessoria de Comunicação - Incaper
Foto - Reprodução Incaper
Uma tecnologia que vem ganhando cada vez mais espaço na produção de mudas clonais de café conilon no Espírito Santo foi validada por estudos do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Trata-se do paper pot, um tipo de recipiente biodegradável que, além de ser uma alternativa sustentável aos tradicionais tubetes e sacolas plásticas, tem se mostrado mais eficiente para o desenvolvimento das mudas.
Realizados ao longo de oito anos por pesquisadores da Fazenda Experimental de Marilândia (FEM), no Noroeste do Estado, os estudos indicam que o uso do paper pot contribui de forma significativa para a produção de mudas mais vigorosas e bem formadas, com reflexos diretos na produtividade e na saúde das lavouras. Isso porque, o material permite que as raízes cresçam livremente, sem barreiras rígidas, evitando o enovelamento radicular, um problema comum nos recipientes plásticos convencionais.
“Mudas com sistema radicular bem estruturado têm maior capacidade de absorver água e nutrientes, resistem melhor ao estresse no campo e atingem o ponto comercial com mais rapidez”, explica o pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho, que lidera os estudos.
A equipe da FEM teve o primeiro contato com a tecnologia em 2017, durante uma missão técnica em Porto Rico. Desde então, iniciou estudos para avaliar sua aplicabilidade na produção de mudas clonais de café conilon, que são obtidas por métodos como estaquia e enxertia, a partir de plantas matrizes.
"Já desenvolvíamos pesquisas buscando solucionar problemas frequentes relatados por viveiristas e produtores, como a má formação radicular observada em recipientes tradicionais. Foi então que passamos a testar o paper pot como alternativa", pontua Verdin.
Nos experimentos, foram avaliados diferentes modelos e dimensões de recipientes. Os resultados indicaram que proporções específicas favorecem o desenvolvimento radicular e o crescimento equilibrado da parte aérea das mudas, com destaque para o paper pot, que superou as demais opções.
"O melhor desempenho foi alcançado com recipientes de aproximadamente 5 cm de diâmetro por 15 cm de altura. Esse é o modelo que estamos recomendando aos produtores e viveiristas", ressalta Verdin.

Estudos são liderados pelo pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho, da Fazenda Experimental de Marilândia
Além dos ganhos agronômicos, o uso do paper pot representa avanços logísticos e ambientais. Por ser biodegradável, o recipiente pode ser plantado diretamente no solo, sem a necessidade de remoção, o que torna o plantio mais prático e elimina a geração de resíduos plásticos. E como o processo de produção das mudas é mecanizado, há redução na demanda por mão de obra.
Outras vantagens são a leveza do material, que facilita o transporte, e a possibilidade de as mudas permanecerem no viveiro por mais tempo, sem perda de qualidade, o que é fundamental quando os agricultores precisam adiar o plantio, uma situação muito comum no campo.
Estudos sobre a tecnologia continuam
As pesquisas sobre o paper pot continuam avançando na FEM. Segundo Verdin, ainda há aspectos importantes a serem aprofundados, como a escolha do substrato mais adequado, o manejo nutricional ideal e a avaliação dos diferentes materiais biodegradáveis disponíveis no mercado. “Essa é uma tecnologia que veio para ficar e está sendo amplamente adotada pelos viveiristas e produtores. Mas ainda há muito a ser explorado para que possamos tirar o máximo proveito dela e oferecer os melhores resultados ao agricultor capixaba”, afirma.
Um dos produtores que já adotaram opaper potcom sucesso é o viveirista Eduardo Capelini, do município de Marilândia. Inicialmente, ele pretendia utilizar recipientes menores, mas mudou de ideia após acompanhar os estudos do Incaper. “A gente percebeu uma grande diferença na qualidade da muda. Hoje conseguimos entregar ao produtor uma planta forte, com raízes bem desenvolvidas, pronta para se desenvolver com vigor no campo”, relata.