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Experimento sobre sistema de irrigação para bananicultura da Epagri comprova aumento de produtividade e de qualidade


Pesquisador Ricardo Negreiros iniciou pesquisas em 2020 por demanda dos agricultores


26/11/2025 | Assessoria de comunicação - Epagri


Reprodução - Epagri

Eventos climáticos extremos, como o ciclone que passou pelo Sul do país entre os dias 7 e 8 de novembro causando tornados no Paraná e Santa Catarina, provocam o time de pesquisadores da Epagri a buscar novas formas de produzir alimentos e mitigar prejuízos na lavoura. Além dos fortes ventos, outro problema que acarreta em perdas no campo é a estiagem prolongada, como a que aconteceu em 2019, e afetou a produção de banana no litoral norte catarinense. A boa notícia é que resultados preliminares de uma pesquisa realizada na Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI) mostram que é possível produzir em quantidade e qualidade através de sistemas de irrigação adequados para as características locais. 

O projeto de pesquisa “Avaliação de sistemas de irrigação para bananicultura”, conduzido pelo engenheiro-agrônomo Ricardo Negreiros, em parceria com a Fapesc, teve início em 2021, e tem por objetivo aumentar a resiliência das plantas frente às mudanças climáticas em condições subtropicais. De lá pra cá, foram realizados quatro ciclos de produção em dois tipos de irrigação (microaspersão e gotejamento). 


Até o fim do terceiro ciclo, foi verificada uma redução no tempo de produção da banana Prata em 33 dias e em 58 dias no caso da Cavendish (caturra). Nesta última, também houve um incremento de 1,3 pencas por cacho.


“O aumento da produtividade também se deve ao sistema de fertirrigação, ou seja, nitrogênio e potássio são adicionados à água para nutrir a planta. O fósforo ficou de fora porque não se dissolve na água, e a aplicação é feita manualmente apenas uma vez ao ano”, explica Ricardo. O sistema automatizado de fertirrigação também economiza na mão de obra, já que a adubação manual era feita a cada três meses ao redor de cada planta. E se não chover, o nutriente se perde, pois é volátil.


Pesquisador Ricardo Negreiros iniciou pesquisas em 2020 por demanda dos agricultores

A pesquisa está sendo realizada numa área de 1215m², na Estação Experimental de Itajaí, onde foram plantadas 200 plantas de cada tipo de banana, mais as plantas que não receberam irrigação, para fins comparativos. No sistema por gotejamento é instalada uma fita para cada fileira de bananeiras (fileiras duplas), que se expande e goteja quando enche. No caso da aspersão, são instalados em hastes de 50cm, que irrigam a planta abaixo das folhas para evitar o surgimento de doenças, numa vazão de 70 litros/hora. Ao todo, foram avaliadas 1580 famílias de bananeiras (mãe, filha e neta). O quarto ciclo se encerra em abril de 2026.


Métodos de microaspersão e gotejamento são indicados para lavouras em terrenos mais planos (Foto: Divulgação/Epagri)

Bananeira não tem acesso ao lençol freático


O sistema de irrigação para cultivo de frutíferas no litoral já tinha dado bons resultados no Sul do Estado, em lavouras de maracujá, mas é a primeira vez que o sistema foi testado no Litoral Norte, que tem características próprias, para produzir banana. “O terreno no Sul do Estado é mais arenoso, e aqui o terreno é misto – arenoso e argiloso, o que interfere no sistema de irrigação escolhido também. Em solos arenosos deve-se evitar o sistema por gotejamento porque forma bulbos de umidade no solo”, exemplifica. O sistema de irrigação não é recomendado para plantio em relevos com muito declive, como encostas de morros.


A bananeira tem particularidades que agravam o prejuízo acarretado pela falta de chuva. Por causa da raiz superficial (70% está a apenas 40 cm de profundidade), a planta tem dificuldade de acessar umidade de áreas mais profundas, onde está o lençol freático. A grande área foliar também resulta numa maior evaporação d’água e necessidade de repor o líquido perdido. Cada família de bananeira precisa de 20 litros de água por dia, por isso um período de estiagem superior a 15 dias já afeta a formação dos cachos e das frutas, reduzindo a produtividade.


E, apesar dos anos de 2022 a 2024 não terem apresentado o mesmo período de seca como verificado em 2018-2019, a implantação do sistema de irrigação na bananicultura pode assegurar que, em anos mais quentes e secos, o prejuízo seja bem menor. “É uma espécie de seguro da lavoura e traz outras vantagens para além da mitigação dos efeitos da estiagem, como aumentar a eficiência na absorção de nutrientes, que resulta em plantas mais vigorosas na segunda geração”, conclui o pesquisador. 


O investimento no sistema de irrigação tem um custo estimado em R$5,00 por planta, por ano, para uma depreciação dos equipamentos de 10 anos.


Por: Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc


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